Título: All Star Azul
Autores: Ricardo Mesquita
Editora: Metanoia
Ano de publicação: 2012
Diego é um garoto comum como tantos outros. Órfão de mãe, foi criado pelo pai e agora divide a casa com a madrasta e seu filho. Em meio ao processo de transformação do corpo e da mente pelo turbilhão de hormônios da adolescência, Diego vê também modificar todo o sentimento fraternal que o ligava a seu melhor amigo, em algo que ele não era capaz de entender, mas que em uma hora era capaz de conduzi-lo ao puro êxtase e na outra fazê-lo mergulhar num mar de lamentações. Ser maltratado pelo Ricardo? Culpar-se pela morte da mãe? Arriscar a grandiosidade daquela amizade em nome de um sentimento que nem ele sabia ao certo do que se tratava era algo inimaginável. Amizade ou Amor, qual será a escolha?
Diego é um garoto inseguro que também tem que lidar com as inseguranças do próprio pai depois da morte da mãe. Mas ele conta com a ajuda de Thiago, seu melhor amigo. Os dois dividem diversas primeiras experiências, como a ida à uma boate gay, onde conhece Felipe, uma espécie de empresário playboy, com quem Diego começa a se envolver... Só que Thiago passa a agir estranho e os três embarcam num triângulo amoroso confuso e dolorido.
All Star Azul é uma história antiga, dos tempos do Orkut... Mas como assim, Lorena? Pois bem, senta que lá vem! Quem é da época do Orkut sabe que rolavam diversas comunidades por lá, né? Algumas em particular eram feitas para postar contos eróticos LGBT. Numa dessas comunidades tinha esse tal de Diego que postava quase toda semana uma história sobre um tal de Felipe, e seu melhor amigo Thiago, e como os dois, gays, estavam envolvidos nesse triângulo amoroso esquisito...
Gente, na minha adolescência, eu sofria para chegar o dia em que ele ia postar um capítulo novo! Eu amava o modo como ele conversava com os corações da época, mas depois que a comunidade foi extinta, nunca mais soubemos que fim a história teve - nem se eram reais, ou ficção, nem nada. QUAL FOI A MINHA SURPRESA ao descobrir que existia um livro com o mesmo nome e publicado pela Metanoia?! Acho que foi a primeira coisa que me atraiu na editora, uns anos atrás! Fiquei eufórica, louca pra saber se a história que eu guardara há tanto tempo na minha cabeça tinha, de fato, uma resolução!
Demorei a ter o livro impresso em mãos, mas eis que eu o peguei e o li num fôlego só. Era exatamente a mesma história do Orkut. E com isso eu quero dizer que o texto é exatamente o mesmo! Sem tirar nem pôr (tá, mentira, esse texto aqui tem um final)... E daí foi minha grande decepção: pra um adolescente de 13/14 anos de idade dos anos 2000, tudo bem ler um negócio desses na internet e achar que era a oitava maravilha do mundo. Mas hoje, lendo o texto completamente sem edição, sem revisão, sem cortes, sem.. enfim, o texto cru... Eu fiquei completamente arrasada. Mesmo. Porque eu amava muito essa história do Diego e do Thiago na minha cabeça, mas lê-la se tornou quase um martírio!
O texto é datado de muito tempo atrás - não vou saber dizer de quando exatamente, mas o documento que eu tenho aqui é de 2007 (sim, eu salvei algumas partes do texto na época porque eu realmente adorava relê-lo). Algumas coisas refletem muito isso, como termos, o tipo de conversa, e eventualmente os esterótipos escarrados na escrita. Fora que algumas situações são bizarras ao ponto de serem inverossímeis e completamente desencaixadas do enredo - viagens, baladas, transas, enfim. Parece que era uma época em que a gente queria mostrar que sabia de mais, mas ao mesmo tempo sabíamos de menos, dá pra entender? Como se fosse obrigação do autor jogar na história tudo o que se sabe sobre a "vida gay adolescente" para atrair leitores. Era isso o que a gente fazia no Orkut: se queria ibope, tínhamos que colocar sexo, bebida, drama, tudo junto. E All Star Azul não é diferente, só é um pouco mais brando em alguns quesitos, e tem referências pops que nos conquistavam, além de trilha sonora.
Diego é um personagem cheio de contradições, mas empático, o que nos faz manter a leitura até certo ponto. Thiago é engraçado, tem apelo, mas é esterotipado de todas as formas possíveis. A família deles, então? Clichê atrás de clichê! Estereótipos horrorosos que hoje em dia me fazem chorar só de ouvir falar.
O texto original não tinha final; parava nas cenas do acampamento, uma das mais importantes na trama. O livro, é óbvio, tem alguns capítulos a mais, mas o encerramento é bem aberto. Bonitinho, mas, de novo, clichê. Acho que era o que o autor estava precisando escrever naquele determinado momento, sabe? Só pra colocar o ponto final - ele mesmo confessa, no início, que a história ficou encostada por algum tempo até que conseguisse terminar.
Enfim. Deu pra perceber o tamanho da minha frustração?
Não me levem a mal. A história do Diego e do T(h)iago (que na versão original não tinha o H) era o que eu adorava ler 10 anos atrás. Talvez tenha me prendido a atenção porque, diferente da maioria dos contos ou histórias da época, ela não me parecia sexualizada demais ou irreal demais... Eram só dois melhores amigos se apaixonando, reviravoltas comuns. Mas hoje em dia isso é um enredo tão saturado, tão clichê, tão sem sal que... sei lá. Não dá mais. Não tem nenhum elemento na trama que a destaque das tantas outras que a gente lê por aí. De quebra, ainda somos bombardeados por erros crassos de português, pontuação, conjugação...
O melhor elogio que eu tenho a fazer à All Star Azul é que era a melhor história do Orkut que eu já li, 10 anos atrás.
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