Título: Águas Turvas
Autor: Helder Caldeira272 páginas.
Editora: Editora Quatro Cantos
Ano de publicação: 2014
O jovem médico brasileiro Gabriel Campos decide fazer especialização em Worcester, Massachusetts, depois da morte dos pais. Justin Thompson, herdeiro de uma abastada família republicana de Holden, no mesmo estado, dirige uma rede de revendedoras de automóveis em plena crise econômica de 2009. A trajetória desses dois homens é permeada por um turbilhão ininterrupto de acontecimentos, que prendem irreversivelmente o leitor até o último parágrafo e constroem uma emocionante história de amor.
Pois bem, como a sinopse já diz, acompanhados a vida de Gabriel e de sua falta de sorte, mas ao mesmo tempo toda a sorte do mundo: interiorano, passa por maus bocados para ingressar e se manter na faculdade de medicina que sonha. Depois, formado com honras, consegue uma pós-graduação nos Estados Unidos e lá conhece Justin, num daqueles encontros cinematográficos em que um não consegue parar de pensar no outro depois de um esbarrão qualquer.
Enfim. Isso resume bem meu sentimento quanto à obra.
A história não gira em torno só dos dois, mas principalmente da família de Justin. Acompanhamos cada detalhe da vida dos Thompson, uma típica família americana, digamos, que esconde muitos segredos. Sinceramente? Achei que estava lendo um dramalhão mexicano mesclado com aulas de história e geografia. Achei desnecessárias as inúmeras pausas no enredo para explicar o que é uma crise financeira, os lugares por onde a história se passa, a própria história dos EUA... Enfim, uma afronta ao leitor! Não precisávamos saber porque as pedras do rio são negras, nem o tamanho da biblioteca da escola municipal. As descrições demasiadas me cansaram demais.
A escrita do Helder é impecável, de fato: metáforas de encher os olhos, vocabulário diversificado e uma revisão de aplaudir, é verdade. Mas de que adianta uma escrita bonita se nada mais se destaca?
Ao mesmo tempo, por causa da escrita, parece que o livro não foi feito para "qualquer um", sabe? Há diversas passagens em inglês (trechos de músicas, algumas coisinhas a mais também) que não são sequer traduzidas - e aí? Quem não entende o idioma faz o quê, senta e chora? Porque muitas das entrelinhas estão nessas partes em inglês e, poxa, convenhamos: é literatura nacional! Na minha opinião, isso tem que ser revisto sim.
Em suma, tudo nesse livro parece meio "errado". A velocidade é MUITO errada, não tem nada de fluidez aqui! Os personagens não são cativantes nem empáticos, os diálogos são extremamente inverossímeis e, mais, inacreditáveis! Não dá pra comprar a ideia dos personagens pelas falas, sabe? Não consigo enxergar ninguém falando como eles, nem aqui no Brasil nem lá. Fora as crianças do livro, que, além de serem uma subtrama bastante chata, não passam hora alguma a idade que dizem ter.
Como mencionei, os primeiros 75% são uma mistura de aula de história com economia e turismo. Os 25% restantes são uma confusão de clímax e resoluções que duram uma linha, enquanto parágrafos inteiros falam de Guerra Civil Americana, de nomes de rua, de recessão econômica...
A trama é bem pensada, as amarras são bem fechadas, mas a ideia toda é mal trabalhada.
Fiquei muito revoltada e frustrada com esse livro, tanto que demorei bastante para escrever sobre ele, tentando enxergar o que as pessoas que o recomendam veem de bom. Não tenho o exemplar físico, mesmo porque essa capa nunca chamaria minha atenção (apesar de ter a ver com a história, sim). Não sei como está a diagramação, mas no e-book está certinha. Pela facilidade, comecei a reler e, bem, não deu outra: meus sentimentos continuam os mesmo de quando o li pela primeira vez, no começo de 2015.
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