29/06/2011

Review - Christopher and His Kind


Diretor: Geoffrey Sax
Gênero: autobiografia, romance
Idioma: inglês/alemão
Sinopse: Baseado em fatos reais, retrata os primeiros anos de formação do escritor Christopher Isherwood (que publicou "A Single Man" em 1964 ), época em que saiu da Inglaterra para morar em Berlin, na Alemanha. Homossexual, Christopher vivenciou a liberdade sexual que existia na Alemanha no período pré-2ª Guerra Mundial, sobre a qual retrataria em sua obra, sendo a mais famosa “Goodbye to Berlin” (1939), transformado no musical “Cabaret” (1966).



O filme é uma auto-biografia e baseada no livro do autor de mesmo nome. Dizem que o livro é bem "cru" e sincero, e o filme também não poderia deixar de ser, mas claro que foi  um pouco romantizado.

Confesso que, por ter tudo que eu gosto, o filme me cativou já bem no comecinho. Isherwood é um personagem muito peculiar, engraçado às vezes. É ele quem conta, sentado em sua máquina de escrever, sua própria história sem vergonha alguma, muito pelo contrário.

A trama se desenvolve com o passar dos anos entre Londres e uma Berlin pré-nazista, cheia de cantos escondidos, prédios de prostituição e becos de garotos de programa. O elenco, alias, é um colírio para os olhos, inclusive os coadjuvantes. Nós acompanhamos a jornada de Chris entre essas duas cidades, primeiro atrás do melhor amigo de infância, depois sozinho, sobrevivendo com aulas de inglês enquanto procura uma editora para publicar seu segundo romance.

A vida em Berlin acaba sendo fácil para ele. Nós também acompanhamos a evolução política na trama, a chegada dos nazistas, as posições e mentalidades e, também, o lado judeu através do amigo de Chris que o contrata para aulas particulares. Há muito conteúdo político e histórico no filme, o que me fez adorá-lo ainda mais!

Os envolvimentos de Christopher com os homens da cidade são uma trama a parte na primeira metade do filme, pois ele acaba em um "romance" com um garoto de programa chamado Casper. Em Berlin, os meninos se prostituem para pagar prostitutas, e, apesar de saber disto, Christopher acaba se fixando no garoto e a história acaba mal (para um dos lados, claro). Porém, o nosso escritor não é exatamente apegado a ninguém. Ao encontrar um varredor de rua, certo dia, ele resolve partir para outra e acaba acertando.

Christopher se envolve com Heinz, um garoto alemão cujo irmão mais velho faz parte do partido político de Hitler, e isto também acaba provocando uma reviravolta na vida de todos ao redor deles.

O filme tem muitos personagens importantes. Gerald, o travesti da peruca que sempre fica se descolando e que acaba saindo de Berlin por dívidas que contrai com um agiota. Jean Ross, a cantora/atriz de cabaret que acaba se tornando a melhor amiga de Chris - a atuação da atriz é brilhante. A história dela, em especial, rende bons momentos dramáticos na história, como, por exemplo, o momento de seu aborto. Há também a dona da pensão onde Chris se hospeda, Fräulein Thurau, o judeu rico Wilfrid Landauer, que acaba perseguido pelos nazistas e muitos outros.

É um filme com muito conteúdo. As atuações são ótimas e o ator que faz o Heinz, Douglas Booth, já vale a pena por si só. A história dos dois é complicada, e temos também personagens complicados (como a mãe e o irmão de Chris, o irmão de Heinz e o amigo de Chris) cujas histórias não são desenvolvidas.

Ao final temos um pequeno resumo do que acontece na vida do escritor após o desfecho do filme. Afinal, o filme é baseado em fatos reais e o escritor hoje é muito bem sucedido e mora nos EUA com a família que construiu com um artista, seu parceiro vitalício. Como disse, tem tudo que eu gosto e me prendeu do começo ao fim. A cena mais agoniante (pois temos muitas) foi ver a pilha de livros sendo queimada na fogueira e Christopher chorando pelo seu proprio trabalho. Temos uma dimensão do nazismo contada através de um personagem que não se envolve por obrigação nem por conveniencia, mas por pura necessidade e pressão da ocasião.

Recomendadíssimo, mas não vejam com a legenda em português que anda circulando por aí. O filme é novo (é desse ano, de 2011) e há muitos erros. Além disso, as partes em alemão não foram traduzidas.

Alguns screens do filme:



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