Título: Simon vs. A Agenda Homo Sapiens (Simon vs. the Homo Sapiens Agenda, no original)
Autor: Becky Albertalli
Editora: Intrínseca
Ano de publicação: 2015 no original, e 2016 por aqui.
Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Tudo muda quando Martin, o bobão da escola, descobre uma troca de e-mails entre Simon e um garoto misterioso que se identifica como Blue e que a cada dia faz o coração de Simon bater mais forte.
Martin começa a chantageá-lo, e, se Simon não ceder, seu segredo cairá na boca de todos. Pior: sua relação com Blue poderá chegar ao fim, antes mesmo de começar.
Agora, o adolescente avesso a mudanças precisará encontrar uma forma de sair de sua zona de conforto e dar uma chance à felicidade ao lado do menino mais confuso e encantador que ele já conheceu.
Diferente da maioria dos livros, nesse a gente não tem uma introdução para o que a sinopse explica: tudo começa quando Martin lê os e-mails de Simon e Blue e a chantagem vem quase que naturalmente, pois ele está a fim de Abby, a amiga descolada (e novata) de Simon, e quer que ele faça acontecer. Sabe? Simples. Um ponto de partida.
Simon "conheceu" Blue através do Tumblr da escola, que posta anonimamente confissões do pessoal. Uma vez, o próprio Simon decidiu postar que se sentia sozinho por provavelmente ser o único garoto gay da escola. E então Blue apareceu e eles começaram a conversar - mas só virtualmente, nada de pessoalmente, pra não estragar "a magia", vamos dizer.
A vida de Simon segue um ritmo diferente fora e dentro da tela do computador. Fora, ele tem Leah e Nick, seus amigos de infância que também não sabem que ele é gay e que ele tem receio de contar e estragar todas as lembranças que os três compartilham. E tem Abby, com quem ele se sente mais próximo e que acaba sendo um ponto de tensão entre os quatro - a amizade nova que gera ciúmes em Leah, que está apaixonada por Nick, que por outro lado gosta de Abby...
Tem a família, agora despedaçada, de Simon: a irmã mais nova reclusa, a irmã mais velha que foi para a faculdade e está suspeitosamente distante, os pais que fazem piadinhas homofóbicas sem perceber... E Simon tem que decidir se sai ou não do armário. Ele não consegue entender porque tem que fazer isso; afinal, ele é a mesma pessoa desde sempre, não deveria ser necessário seguir esses "rituais". Héteros não tem que sair contando pra todo mundo que são héteros, a agenda é toda deles: e é aí que esse livro MERECE DEZ MIL ESTRELINHAS de amor e diversidade!
Quantas pessoas nunca pararam pra pensar nisso?! Que a agenda - a "agenda" do título se refere aos códigos de conduta, à vida em si - "natural" das coisas só envolve pessoas brancas, cis e héteros?! Por que o padrão da sociedade é heteronormativo e branco ? E por que a gente (as pessoas em geral, eu quero dizer) não se questiona isso o tempo todo?!
Simon questiona, e faz a gente vibrar com cada coisa que ele coloca em xeque. "Nossa, Fulanx tem que ler isso!", eu me pegava pensando o tempo todo! É um livro que me deu vontade de sair distribuindo por aí. Ele quebra todos os estereótipos (principalmente os norte-americanos) que eu vejo por aí: pra começar, o esporte do colégio é futebol, não o americano, nem beisebol. É futebol! E os jogadores não são arrogantes, não são "a elite", são só pessoas normais! Eles se misturam, os grupinhos não são impermeáveis porque, afinal, as pessoas são mutáveis. As meninas não são alienadas, fracas ou ingênuas: a maior das surpresas acontece com quem a gente justamente menos espera, as meninas! Sem spoilers, mas eu vibrei tanto no final que vocês não fazem ideia! A Taylor é uma personagem que merce aplausos!
O livro tem personagens negros em destaque, e a cor da pele deles não os fazem diferente, pelo contrário. Eles não precisam ficar o tempo todo lembrando que são "diferentes" porque, bem, na visão de Simon (que é o narrador), eles não são - e vocês tem ideia do quanto isso é maravilhoso em termos de "quebrar os padrões"? Principalmente (mas não exclusivamente) os padrões norte-americanos-racistas-e-preconceituosos?
Além disso, a família do Simon é um espetáculo! A irmã Alice, gente, uma lição atrás da outra. Eu me identifiquei tanto com ela que era como se suas palavras fossem as minhas, saindo tudo do jeitinho que eu mesma falaria! Fora que o livro todo é cheio de referências pop sem cair na apelação ou no clichê - Star Wars, Harry Potter, Hora de Aventura! Tudo de um jeito bem suave e que dá pra acompanhar mesmo que você não seja um perito nos assuntos nerds.
Simon "conheceu" Blue através do Tumblr da escola, que posta anonimamente confissões do pessoal. Uma vez, o próprio Simon decidiu postar que se sentia sozinho por provavelmente ser o único garoto gay da escola. E então Blue apareceu e eles começaram a conversar - mas só virtualmente, nada de pessoalmente, pra não estragar "a magia", vamos dizer.
A vida de Simon segue um ritmo diferente fora e dentro da tela do computador. Fora, ele tem Leah e Nick, seus amigos de infância que também não sabem que ele é gay e que ele tem receio de contar e estragar todas as lembranças que os três compartilham. E tem Abby, com quem ele se sente mais próximo e que acaba sendo um ponto de tensão entre os quatro - a amizade nova que gera ciúmes em Leah, que está apaixonada por Nick, que por outro lado gosta de Abby...
Tem a família, agora despedaçada, de Simon: a irmã mais nova reclusa, a irmã mais velha que foi para a faculdade e está suspeitosamente distante, os pais que fazem piadinhas homofóbicas sem perceber... E Simon tem que decidir se sai ou não do armário. Ele não consegue entender porque tem que fazer isso; afinal, ele é a mesma pessoa desde sempre, não deveria ser necessário seguir esses "rituais". Héteros não tem que sair contando pra todo mundo que são héteros, a agenda é toda deles: e é aí que esse livro MERECE DEZ MIL ESTRELINHAS de amor e diversidade!
Quantas pessoas nunca pararam pra pensar nisso?! Que a agenda - a "agenda" do título se refere aos códigos de conduta, à vida em si - "natural" das coisas só envolve pessoas brancas, cis e héteros?! Por que o padrão da sociedade é heteronormativo e branco ? E por que a gente (as pessoas em geral, eu quero dizer) não se questiona isso o tempo todo?!
Simon questiona, e faz a gente vibrar com cada coisa que ele coloca em xeque. "Nossa, Fulanx tem que ler isso!", eu me pegava pensando o tempo todo! É um livro que me deu vontade de sair distribuindo por aí. Ele quebra todos os estereótipos (principalmente os norte-americanos) que eu vejo por aí: pra começar, o esporte do colégio é futebol, não o americano, nem beisebol. É futebol! E os jogadores não são arrogantes, não são "a elite", são só pessoas normais! Eles se misturam, os grupinhos não são impermeáveis porque, afinal, as pessoas são mutáveis. As meninas não são alienadas, fracas ou ingênuas: a maior das surpresas acontece com quem a gente justamente menos espera, as meninas! Sem spoilers, mas eu vibrei tanto no final que vocês não fazem ideia! A Taylor é uma personagem que merce aplausos!
capa original mantida, yay! |
Além disso, a família do Simon é um espetáculo! A irmã Alice, gente, uma lição atrás da outra. Eu me identifiquei tanto com ela que era como se suas palavras fossem as minhas, saindo tudo do jeitinho que eu mesma falaria! Fora que o livro todo é cheio de referências pop sem cair na apelação ou no clichê - Star Wars, Harry Potter, Hora de Aventura! Tudo de um jeito bem suave e que dá pra acompanhar mesmo que você não seja um perito nos assuntos nerds.
Acho que uma das maiores belezas de Simon vs. A Agenda Homo Sapiens é que a autora sabe do que está falando. Ela não pesquisou para escrever, ela viveu isso, ela trabalha com isso e, por que não? Becky luta
Eu fiquei apaixonada pelo "casal" principal, mas todos os personagens são extremamente cativantes e verossímeis - tirando o Martin, que é a pessoa mais chata e que desempenhou seu papel menos condizente, eu acho. A versão nacional não tem nada que peque, e ainda mantiveram a capa original, o que me deixou bastante feliz, claro.
Por fim, quero dizer que esse livro é uma inspiração de como escrever sobre a mesma coisa que todo mundo quer falar, mas sem ser clichê demais. É contar uma história que tinha tudo para ser mais da mesma, de um jeito novo e, por que não? Revolucionário e com vocabulário politicamente correto - que vocabulário lindo! (e isso não é uma mera observação, tá?)
Pra saber mais sobre o livro, acesse o hotsite lindo da Intrinseca aqui.
Em tempo: Becky na Bienal do Livro de SP!
A autora dessa maravilha estará na Bienal de SP distribuindo autógrafos e fazendo um bate-papo incrível! Confira as datas:
03/set, sábado | Becky Albertalli
Palestra “A diversidade na literatura para jovens adultos”
Autógrafos do livro Simon vs. a agenda Homo Sapiens
19h – Arena Cultural BNDES
04/set, domingo | Becky Albertalli
Autógrafos do livro Simon vs. a agenda Homo Sapiens
12h –Estande da Intrínseca | F030
Quem for, levem meu amor pra ela <3
Oi, moça.
ResponderExcluirO que mais amei no livro é que a autora realmente sabia o que tava escrevendo. Por isso me passou tanta verdade. Existem quotes tão maravilhosos que gostaria de espalhá-los pela cidade hahaha. Eu acho que me concentrei demais no Simon, por isso, acabei não percebendo muito as transformações dos outros personagens. Acho que vou relê-lo para, finalmente, resenhá-lo (até hoje ainda não saiu, também hehe). Toda vez que penso nessa narrativa, tenho vontade de colocá-la num potinho de amor <3
E acho que as escolas americanas deveriam, com certeza, colocá-lo no programa de leituras para debates (acho que eles têm isso, né?), ao invés de fazerem o pessoal ler A Letra Escarlate hue. O mundo tá precisando encarar mais a literatura como agente de transformação <3
Love, Nina.
http://ninaeuma.blogspot.com/