Autor: James Howe
Idioma: Inglês.
Primeira publicação: 2011.
208 páginas.
Versões harcover (primeira imagem acima) e paperback (segunda imagem).
Já vou começar a resenha falando que é uma gracinha. Mas isso é só minha opinião, porque a maioria não gostou dos estereótipos mostrados no livro.
De qualquer maneira, Totally Joe conta de uma forma inusitada a vida de Joe Bunch, que gosta de se dar nomes e às vezes se chama de JoDan. Forma inusitada pois o livro é uma autobiografia baseada no alfabeto feita como um projeto para uma de suas aulas na escola. Isso quer dizer que, para cada letra do alfabeto, Joe escolhe uma palavra/nome/whatever e escreve sobre ela e o que ela representa em sua vida.
Acredite: o resultado é simpático, carismático, engraçado, dramático (como só um garoto gay de 12~13 anos pode ser) e tremendamente gostoso de se ler.
Os personagens
Joe tem, no começo da trama, doze anos e frequenta uma escola secundária numa cidadezinha esquecida no interior dos Estados Unidos. Tudo à sua volta é diferente porque, bom, ele é diferente: Joe é o típico estereótipo gay que a maioria das pessoas tem. Um garoto afeminado, afetado, escandaloso, que gosta de coisas coloridas, de cozinhar, de brincar de boneca (principalmente de Barbies!) e não se esconde nem tenta se mudar. Ele é ele mesmo, é o que sempre diz. Não é menino-menino (do tipo que fala de esportes e namora garotas), mas não consegue achar uma definição para o que ele é. Ele só é totalmente Joe.
E isso resume basicamente o livro todo, que é, na verdade, o segundo de uma sequencia de histórias sobre um grupo de quatro pré-adolescentes: Addie, Bobby, Sheezie e Joe. Os quatro formam a the Gang of Five (a Gangue dos Cinco, numa tradução livre - e sim, eles são quatro). Cada um tem suas particularidades e formam o grupo menos popular do colégio, aqueles que mais sofrem com as implicâncias dos populares, do antagonista
E bullying, acho, é o tema central do livro, já que Joe é constantemente massacrado em público por ser quem é. E ele é uma figura e tanta!
Além dos amigos, Joe tem também um namorado - Colin - que, infelizmente, não consegue ser quem ele é por vários motivos. As entrelinhas da narrativa são claras, mas, como vemos tudo contado a partir da visão de Joe, vale a pena dar uma relida em certas partes pra não perder a história de Colin também, que nos é mostrada através de vários detalhes nos eventos que os cercam. E é triste pensar nele, depois que você entende o que acontece em sua vida.
A história e a escrita
É um livro para pré-adolescentes, acho. Um daqueles que ajuda a enfrentar a vida de queixo pra cima (?) e a mostrar que ser quem você é não faz mal. É uma daquelas histórias que você indicaria ao seu amigo gay que tem medo de se assumir, sabe? É bem simplista e infantil, até, mas - talvez por isso mesmo - seja uma graça. E delicioso de devorar, assim, em horas.
A autobiografia vem escrita em primeira pessoa na visão de Joe e Howe fez um bom trabalho nas gírias, no estilo da escrita e nas notas de rodapé que Joe vai acrescentando ao professor - que, lembra, lerá e avaliará a biografia como projeto de uma disciplina! É basicamente um trabalho escolar e vou confessar que eu já fiz uma coisa parecida, mas não me lembro nem de metade do que escrevi (e claro que esse comentário é desnecessário, assim como essa nota).
A escrita é simples até por ser de um garoto de 12~13 anos, mas cheia de fatos hilários e notas e citações de tirar o fôlego. Aqui aplaudo Howe por ter conseguido com que tantos personagens diferentes "se materializassem" através de Joe - não só nesse livro, mas nos outros da pré e da sequencia, The Misfits e Addie on the Inside. Todos eles falam de vários personagens e de personagens completamente diferentes. E a escrita parece ser feita, realmente, por outra pessoa cada vez que um conta seu lado da história. Aqui temos Joe, depois tem a Addie e antes veio o grupo inteiro. O realismo é impressionante.
Como escritora, imagino que ele, ao criar o grupo, imaginou uma história para cada um deles que não era possível ser contada em uma novela só. Daí resolveu abrir o universo dos The Misfits e escrever sobre os outros que ficavam rondando sua cabeça. Acredito que teremos algum livro sobre o Bobby e sobre o Sheezie também, cujas histórias são bem pesadas (no sentido de cheias de conteúdo mesmo) e totalmente passíveis de serem contadas numa novela separada.
Acho que vale a pena conferir a série (link do GoodReads). Não li os outros livros, mas não me pareceu um requisito pra ler Joe. Digo, conheci todos os personagens através dos olhos dele - talvez seja uma visão bem focada das coisas, mas achei realmente legal por isso.
A trama em si, como comentei, é meio infantil, mas realista. O toque final, da chegada do novo personagem chamado Zachary, foi brilhante pra fechar o tom do livro: uma comédia pré-adolescente que fala de coisa séria, mas que não precisa ser chata nem forçada. Só totalmente Joe.
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