Como comecei com o yaoi, aproveitando o embalo de eventos literários que andarm acontecendo Brasil afora, resolvi falar de um gênero que anda, quase que literalmente, bombando por aqui: o Young Adult.
Mas, afinal, o que é YA?
De um jeito mais cru e bastante resumido, "Young-adult fiction", ou "young adult literature", comumente abreviados como YA, é um gênero de escritos feitos, publicados por e para o mercado adolescente ou de "jovens adultos", que variam entre os 14 aos 21 anos de idade. A grande maioria das histórias YA mostram adolescentes como os protagonistas e normalmente se focam nas questões e problemas da juventude. Muitos escritores, senão a maioria, estão exatamente na mesma faixa etária de seus leitores (entre 14 e 20 e poucos anos de idade), o que os torna talvez mais desenvoltos no tema.
Existe, hoje, uma série de "sub-gêneros" do YA que inclui vários tipos de escritos não-ficcionais, como cartas, auto-biografias, jornais e etcs. Entretanto, o que vem chamando a atenção últimamente é a tremenda quantidade de livros do gênero, principalmente aqui nas terrinhas brasileiras. Até alguns anos atrás, a literatura jovem era considerada levemente inferior. Ainda creio que não a respeitam totalmente, apesar de isto estar mudando principalmente pela avalanche de bons escritores que estão nascendo e pelas suas tramas - e, também, quantidade de recursos financeiros que têm movimentado, digamos. Antes, o que encontrávamos por aí eram livros considerados chick flicks - que giram em torno de adolescentes, escola, grande amor e final feliz, na maioria das vezes. Particularmente, adoro chick flicks, mas com o passar do tempo as histórias se tornam tão clichês e batidas que só mesmo uma invasão Young Adult pra ressuscitar o interesse adolescente pelo universo literário.
Pois bem, o que encontramos hoje por aqui é realmente uma invasão. Se repararem bem, nas livrarias, pelo menos as maiores, existe hoje uma parte separada para esse tipo de literatura. Existem editoras especialistas no assunto e, aliás, grandes escritores - inclusive brasileiros - sendo descobertos e/ou entrando nessa onda. Dentro do Young Adult existe uma série de características que classificam as histórias; a mais comum que encontramos hoje é o dito universo distópico, ou literatura da distopia, que mostra um mundo cruel e avesso, onde normalmente existe uma catástrofe - iminente ou passada - e há jovens ou lutando para/contra tal situação ou algo relacionado. A idéia é bastante explorada - não diria à exaustão, porque ela parece não ter fim, mas bastante, e de todos os métodos que se imaginar.
Ficou confuso na explicação? Confere então os exemplos de séries de livros young adults e, tenho quase certeza, você vai estalar os dedos e dizer: "aaaaahh!"
A série Jogos Vorazes (The Hunger Games, no original), escrita por Suzanne Collins e que terá uma adaptação aos cinemas em 2012. A série Os Imortais (The Immortals), escrita por Alyson Noël. A série Os Instrumentos Mortais (The Mortal Instruments), de Cassandra Clare, que é uma típica escritora de YA.
Academia de Vampiros, House of Night, Os Vampiros de Morganville e por aí vai. Esses foram só os que lembrei aqui em questão de segundos. Há quem considere a Saga Crepúsculo (Twilight) como o começo do boom de YA (no Brasil e em outros lugares, também) e há quem inclua até Harry Potter no meio dessa bagunça toda.
Como dá pra perceber, a ficção ficou tão dividida em sub-gêneros de gêneros e mais gêneros que as coisas acabam se perdendo e ficando sem uma classificação meio óbvia. Há fantasia em YA, sim. Há sobrenatural em YA, sim novamente. Há ficção científica, também. Talvez por conseguir "misturar" tudo isso é que esteja conquistando os mais diversos tipos de leitores. YA no Brasil, creio, acabou ficando por não se focar exatamente nos leitores adolescentes - no sentido estrito do termo. Eu, por exemplo, conheço gente de quarenta anos de idade que adora YA. E é exatamente esse aspecto que faz a literatura crescer atualmente aqui.
O "engraçado" é ver o sem número de editoras que andam pipocando por aí. Com a febre YA, também surgiram milhares de centenas de escritores dispostos e esperançosos a lançarem seus livros. Não estou brincando: milhares. Depois de descobrirem que adolescentes também podem - e alguns conseguem, - escrever, todo mundo parece que virou escritor. Claro, tem mercado pra tudo, então as editoras se aproveitam - e são aproveitadas. A quantidade de gente lançando livro "autônomo" atualmente não é pouca, não.
Além disso, muitas dessas editoras também nasceram dos "sonhos" (ficcionais ou não) desses "adolescentes" crescidos. Eles acabaram se inspirando e se especializando. Como falei ali em cima, a maioria dos livros YA são feitos E PUBLICADOS por e para adolescentes, o que torna as editoras aquele tipo de empresa "jovem" e descolada em que todo mundo quer trabalhar - ambiente agradável, trabalho agradável e tudo de bom. Não estou dizendo que isso é ruim, não tenho nem condições de dizer uma coisa dessas! Mas vale lembrar que elas são empresas comerciais e que, como todas as outras, estão sujeitas ao mercado. Como será que essas especializadas sobreviveriam se, de repente, o YA caísse de moda,hm? Porque ultimamente literatura tem se tornado tão volátil quanto o próprio universo fashion. Fica a dica aí!
Bom, só pra finalizar, gostaria de parabenizar alguns escritores brasileiros pelo trabalho que têm feito - um ótimo trabalho pra quem mergulha de cabeça numa piscina de canivetes, usando uma analogia simples. Sou escritora e também sei escrever YA - tenho até algum material pronto, mas não me arrisco, por enquanto, no ramo. Aliás, se formos analisar beeeem lá no fundo mesmo, o yaoi "adolescente" se encaixa em young adult. Certa vez uma pessoa classificou meus escritos como, em geral, de gay male teen fiction, que é, pasmem, também um sub-gênero de YA. Entretanto, aqui no Brasil este em específico parece não ter espaço algum nas prateleiras, o que é uma pena. A qualidade de YA gay é muito boa infinita lá fora, muito apreciada pela crítica também.
Com esse clamor todo por coisas novas na literatura e por tramas que agradem o público mais jovem, às vezes a gente se dá ao luxo de se questionar algumas coisas. Será que, com essa invasão YA, não podemos sonhar com literatura LGBT de qualidade no Brasil, não? Eu espero não ficar só no sonho quando, finalmente, grandes títulos internacionais do gênero caírem no gosto de alguém famoso da crítica ou de uma boa editora que esteja disposta a lançá-los, com tudo o que merecem, no país.
Indicações:
Young Adult (geral): além dos que citei acima, os livros da Editora Underworld em geral, com destaque para "Os Setes Selos" e "Bios" da minha conterrânea Luiza Salazar.
Deixo claro que não li, provavelmente, qualquer um delespor pura falta de $$, portanto não dou opiniões pessoais. E não estou ganhando absolutamente nada com a divulgação, mas acho o projeto gráfico deles TÃO lindo que é quase impossível não notá-los nas prateleiras. Além do mais, sou mais adepta à literatura épica e fantástica e confesso que ainda estou tentando "me encontrar" em YA.
Gay Male Teen Fiction(YA gay): The Vast Fields of Ordinary, Boy Meets Boy, Dream Boy e derivados.
(fonte: wikipedia)
Pois bem, o que encontramos hoje por aqui é realmente uma invasão. Se repararem bem, nas livrarias, pelo menos as maiores, existe hoje uma parte separada para esse tipo de literatura. Existem editoras especialistas no assunto e, aliás, grandes escritores - inclusive brasileiros - sendo descobertos e/ou entrando nessa onda. Dentro do Young Adult existe uma série de características que classificam as histórias; a mais comum que encontramos hoje é o dito universo distópico, ou literatura da distopia, que mostra um mundo cruel e avesso, onde normalmente existe uma catástrofe - iminente ou passada - e há jovens ou lutando para/contra tal situação ou algo relacionado. A idéia é bastante explorada - não diria à exaustão, porque ela parece não ter fim, mas bastante, e de todos os métodos que se imaginar.
Ficou confuso na explicação? Confere então os exemplos de séries de livros young adults e, tenho quase certeza, você vai estalar os dedos e dizer: "aaaaahh!"
A série Jogos Vorazes (The Hunger Games, no original), escrita por Suzanne Collins e que terá uma adaptação aos cinemas em 2012. A série Os Imortais (The Immortals), escrita por Alyson Noël. A série Os Instrumentos Mortais (The Mortal Instruments), de Cassandra Clare, que é uma típica escritora de YA.
Academia de Vampiros, House of Night, Os Vampiros de Morganville e por aí vai. Esses foram só os que lembrei aqui em questão de segundos. Há quem considere a Saga Crepúsculo (Twilight) como o começo do boom de YA (no Brasil e em outros lugares, também) e há quem inclua até Harry Potter no meio dessa bagunça toda.
Como dá pra perceber, a ficção ficou tão dividida em sub-gêneros de gêneros e mais gêneros que as coisas acabam se perdendo e ficando sem uma classificação meio óbvia. Há fantasia em YA, sim. Há sobrenatural em YA, sim novamente. Há ficção científica, também. Talvez por conseguir "misturar" tudo isso é que esteja conquistando os mais diversos tipos de leitores. YA no Brasil, creio, acabou ficando por não se focar exatamente nos leitores adolescentes - no sentido estrito do termo. Eu, por exemplo, conheço gente de quarenta anos de idade que adora YA. E é exatamente esse aspecto que faz a literatura crescer atualmente aqui.
O "engraçado" é ver o sem número de editoras que andam pipocando por aí. Com a febre YA, também surgiram milhares de centenas de escritores dispostos e esperançosos a lançarem seus livros. Não estou brincando: milhares. Depois de descobrirem que adolescentes também podem - e alguns conseguem, - escrever, todo mundo parece que virou escritor. Claro, tem mercado pra tudo, então as editoras se aproveitam - e são aproveitadas. A quantidade de gente lançando livro "autônomo" atualmente não é pouca, não.
Além disso, muitas dessas editoras também nasceram dos "sonhos" (ficcionais ou não) desses "adolescentes" crescidos. Eles acabaram se inspirando e se especializando. Como falei ali em cima, a maioria dos livros YA são feitos E PUBLICADOS por e para adolescentes, o que torna as editoras aquele tipo de empresa "jovem" e descolada em que todo mundo quer trabalhar - ambiente agradável, trabalho agradável e tudo de bom. Não estou dizendo que isso é ruim, não tenho nem condições de dizer uma coisa dessas! Mas vale lembrar que elas são empresas comerciais e que, como todas as outras, estão sujeitas ao mercado. Como será que essas especializadas sobreviveriam se, de repente, o YA caísse de moda,hm? Porque ultimamente literatura tem se tornado tão volátil quanto o próprio universo fashion. Fica a dica aí!
Bom, só pra finalizar, gostaria de parabenizar alguns escritores brasileiros pelo trabalho que têm feito - um ótimo trabalho pra quem mergulha de cabeça numa piscina de canivetes, usando uma analogia simples. Sou escritora e também sei escrever YA - tenho até algum material pronto, mas não me arrisco, por enquanto, no ramo. Aliás, se formos analisar beeeem lá no fundo mesmo, o yaoi "adolescente" se encaixa em young adult. Certa vez uma pessoa classificou meus escritos como, em geral, de gay male teen fiction, que é, pasmem, também um sub-gênero de YA. Entretanto, aqui no Brasil este em específico parece não ter espaço algum nas prateleiras, o que é uma pena. A qualidade de YA gay é muito boa infinita lá fora, muito apreciada pela crítica também.
Com esse clamor todo por coisas novas na literatura e por tramas que agradem o público mais jovem, às vezes a gente se dá ao luxo de se questionar algumas coisas. Será que, com essa invasão YA, não podemos sonhar com literatura LGBT de qualidade no Brasil, não? Eu espero não ficar só no sonho quando, finalmente, grandes títulos internacionais do gênero caírem no gosto de alguém famoso da crítica ou de uma boa editora que esteja disposta a lançá-los, com tudo o que merecem, no país.
Indicações:
Young Adult (geral): além dos que citei acima, os livros da Editora Underworld em geral, com destaque para "Os Setes Selos" e "Bios" da minha conterrânea Luiza Salazar.
Deixo claro que não li, provavelmente, qualquer um deles
Gay Male Teen Fiction(YA gay): The Vast Fields of Ordinary, Boy Meets Boy, Dream Boy e derivados.
(fonte: wikipedia)
Msm com certas abordagens de contextos épicos e fantasiosos, é possivel q seja um YA? Digo, pois ja li q YA tem q ter temáticas contemporânias.
ResponderExcluirObrigada, ótimo post!
Oi Sttela!
ResponderExcluirAcredito que YA seja um gênero muito amplo e que nós, brasileiros, não estejamos acostumados às suas "ramificações", por assim dizer. Por se tratar de um gênero que agrega a idade dos personagens, e não o tipo de literatura, creio que contextos épicos e fantasiosos estejam sim inclusos no YA. Não podemos classificar um livro hoje em dia somente como "YA", ou "aventura". YA distópico, de fantasia, de época... Acho que mais de uma classificação é muito possível! Não crieo que tenha que ter temática ontemporânea.
Obrigada pelo comentário!